sexta-feira, 19 de abril de 2013

É tudo verdade em Brasília

O já tradicional festival de documentários - está completando 18 anos - "É tudo verdade", que acontece no Rio e em São Paulo, ganha uma semana em Brasília, com a exibição, na sala do CCBB, de alguns dos filmes da mostra.

É oportunidade rara de ver documentários de excelente qualidade em Brasília. A outra, obviamente, é o próprio Jiló na Guela, todos os domingos, no Balaio Café.

A versão Brasília do "É tudo verdade" trouxe 11 filmes para a cidade, além dos vencedores das Competições Brasileira e Internacional de Longas. Destque para: Nosso Nixon, de Penny Lane, sobre os bastidores da presidência de Richard Nixon, a partir de inédito material filmado por três de seus assessores diretos; Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes, de Bruno Polidoro e Cacá Nazario, que revisita as cidades que testemunharam a vida breve do escritor Caio Fernando Abreu; e Os Guardiões, de Dror Moreh, radiografia da agência de inteligência e contraterrorismo israelense, Shin Bet, a partir de depoimentos de seis de seus ex-dirigentes.

O "É tudo verdade" traz a Brasília também o documentário Jango, de Silvio Tendler, já exibido pelo Jiló na Guela, além da imperdível oportunidade de assistir na tela grande o clássico filme do cineasta soviético Dziga Vertov, O homem com a câmera.

O homem com a câmera é um pungente retrato do início da era soviética (1929). Por meio de tomadas e montagem inovadoras, e com o auxílio de uma trilha sonora primorosa, o mestre Vertov mostra ao público o ritmo já alucinante da Moscou dos anos 1920. Trabalhadores nas fábricas, ruas movimentadas, transporte público, momentos de lazer, nada escapa ao homem com a câmera. O filme também inova por ser um exercício de metalinguagem, ao incluir a câmera no filme, mostrando como as cenas foram feitas. Depois de uma cena filmada do alto, vê-se um homem (o próprio Vertov?) subindo uma alta chaminé de fábrica e instalando no topo a sua câmera; depois de um traveling de uma família fazendo um passeio numa carruagem, o cineasta é revelado dirigindo a cena, de um carro que acompanha a carruagem lado-a-lado; uma locomotiva aproxima-se da câmera e passa por cima dela - na sequência aparece o cameraman cavando um buraco embaixo dos trilhos e instalando ali a sua câmera.

Para quem quiser conhecer melhor o trabalho de Dziga Vertov, vale a pena conferir seus primeiros filmes, os Kinonedelja, cine-jornais produzidos entre 1918 e 1919, que oferecem registro de incalculável valor da vida nos primórdios da União Soviética, então em guerra civil. Os filmes estão disponíveis on-line no site do Austrian Film Museum

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